Há exatos 20 anos, a Igreja, fundamentada no Salmo 85, versículo 11:"JUSTIÇA E PAZ SE ABRAÇARÃO" levou a público a campanha da fraternidade sobre política. Por acreditar que a prática política entendida como promoção do bem comum, exercida como tal, já se traduz em obra de caridade com abertura para o outro, a instituição Igreja provocou uma reflexão profunda sobre a necessidade de se deixar politizar e convidou o Brasil sob a ótica do método ver, julgar e agir a buscar luzes para um aprofundamento sério sobre as obscuridades existentes diante do verdadeiro sentido da política.
O gesto concreto dessa campanha resultou na lei do " FICHA LIMPA" que com júbilo foi conquistada graças ao empenho do povo cristão. A via do diálogo, da liberdade sadia, da solidariedade, do respeito às diferenças, da apresentação de propostas coerentes, tudo isso foi motivado como conteúdo sério da campanha a que se refere. Hoje, 20 anos depois, vivendo mais um pleito municipal, em que os ânimos se acirram, as ofensas se multiplicam e o nível das posturas externadas se rebaixa, se faz necessário, diante do aprendizado que a Mãe Igreja nos proporcionou, um minucioso exame da própria consciência enquanto eleitor, para que os artífices dos meios desonestos e inescrupulosos, que visam unicamente o poder como tal na realização pessoal de um status vazio de propostas sérias e coerentes, não sejam favorecidos por nós cristãos, comprometidos com a verdade do evangelho.
Não se deve dissociar o compromisso concreto do bom cristão da vida espiritual necessária, assumida como oração. Fé e ação como tão bem nos lembra São Tiago, caminham juntas, assim como a paz é fruto da Justiça. Reflitamos sobre as consequências do inalienável exercício de votar, para que os profissionais da má intenção política que tantas oportunidades já tiveram não obtenham êxito, haja visto que o poder assumido emana do povo. Precisamos de paz, harmonia, no entanto essa paz só deixará o sentido utópico se a justiça for posta em prática. Precisamos abraçar o projeto mais sério que favoreça o todo e não os conluios de alguns que visam seu ego e a busca de regalias parciais quando o todo padece.
O justo vive da fé, a justiça ver o todo, o bem comum é o objetivo da boa política. Assim "justiça e paz se abraçarão "(Sl 85,11).
Pe. Lenilson: " Precisamos abraçar o projeto que favoreça o todo e não os conluios"
