segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Imposto de Renda pune mais a classe média devido tabela defasada

A tabela do Imposto de Renda pode ficar sem correção pelo segundo ano consecutivo. A defasagem vai elevar sensivelmente a carga tributária das classes média e baixa, ou seja, deverá acentuar a desigualdade.

De acordo com a contadora, Lidiane Amaral, o IR, em sua essência, é um imposto progressivo, ou seja, tira mais dos ricos que dos pobres. "Assim, alivia um pouco a injustiça dos tributos indiretos, que são regressivos: por incidirem sobre o consumo, eles pesam mais sobre a base da pirâmide social, que destina quase toda a renda a despesas com produtos e serviços", explica.

Ela explica que o fato de não atualizar a tabela de alíquotas do IR, o governo diminui essa “compensação”. "As pessoas que escapavam do imposto por ganhar pouco passam a ser “mordidas”, mesmo sem ter aumento real no salário. Além disso, os trabalhadores de classe média ficam sujeitos a alíquotas mais altas", comenta e acrescenta que dessa forma o governo arrecada mais sem fazer esforço.

Defasagem
Um trabalhador que em 2015 ganhava R$ 1.850 por mês (já descontada a contribuição à Previdência) era isento, pois o Imposto de Renda só era cobrado de quem recebesse mais de R$ 1.903,98. Se no ano passado o salário dele subiu em linha com a inflação (6,29%), o ganho mensal chegou a R$ 1.966. Como a tabela do IR não mudou, o trabalhador passou a pagar imposto, embora seu poder de compra não tenha crescido.