quinta-feira, 19 de abril de 2018

Agiotagem institucionalizada nos bancos?

O artigo que o Blog traz um trecho para reflexão é assinado pelo Presidente do Conselho Regional de Economia – CORECON/RN, Ricardo Valério Costa Menezes.

Eis:

Ganância dos bancos mantém juros altos mesmo com Selic baixa

Considerando que a Taxa Selic despencou de 14,25% para 6,5% - a maior baixa histórica - e que estamos com a inflação em queda a níveis nunca sentidos nos últimos 24 anos, sendo registrado agora em março um acumulado de 2,68% dos últimos 12 meses, não podemos admitir como sendo, pelo menos, razoável, as atuais taxas praticadas. Essas revelam a enorme ganância do Sistema Financeiro Nacional - SFN em manter as taxas de juros nas alturas. A manutenção dessas taxas pelos bancos só tem contribuído para a descapitalização das empresas, famílias e geração de um contingente de quase 60% da população brasileira endividada.

Agora em março, atropelando os limites da racionalidade, houve registro de novas altas nas taxas do cartão de crédito para 324% e o chegue especial continua com os juros extorsivos e abusivos. Uma verdadeira agiotagem institucionaliza e somente acompanhada pelo Banco Central do Brasil.

Diante de uma distorção tão acentuada e na contramão das sucessivas baixas da Taxa Selic, consideramos como muito tímidas as medidas ensaiadas pelo BACEN até o momento.  Na prática, os poucos reflexos das intervenções do Banco Central sobre as taxas de juros abusivas dos agentes financeiros, só tiveram reflexos efetivos com o fim do crédito rotativo dos cartões de crédito. O Governo está sinalizando indicativos de modificações das cobranças da modalidade para o chegue especial que, após 30 dias de uso por parte dos seus incautos usuários, os débitos dos mesmos migrarão a outras modalidades de empréstimos menos corrosivos, passando-os possivelmente para um parcelamento de crédito pessoal.

E isso causa indignação no parecer do representante dos economistas do Rio Grande do Norte. Uma vez que o Sistema Financeiro Nacional praticamente é o único segmento da economia nacional que não vem passando pelos sacrifícios da crise brasileira que vem se intensificando desde o ano de 2014. Ao contrário, pelos anúncios dos seus balanços, notadamente do setor privado, registram lucros cada vez maiores, de modo óbvio, por meio da manutenção do Spread bancário (diferença entre os juros que o banco cobra ao emprestar e a taxa que ele mesmo paga ao captar dinheiro) elevado.

De forma plausível, o que estamos observando recentemente, tem sido algumas declarações de advertência do ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, que funcionam mais como um jogo de cena do que medidas efetivas do Governo Central para coibir tamanha abusividade.

O BACEN agora diz com frequência que está preocupado em aumentar a competitividade no setor bancário, o que nos parece uma ironia, já que os últimos governos, desde a adoção do plano real nos anos 90, assistiram de forma passiva a aquisição dos pequenos e médios bancos cuja sobrevivência se dava graças as cirandas financeiras, fraudes e inflação descontrolada. Com a estabilidade da moeda a partir do plano real, os pequenos e médios bancos, foram engolidos pelos grandes – Banco Bradesco e Banco Itaú, entre outros.